sábado, 26 de novembro de 2011

ÁLVARO DE CAMPOS LÊ CLARICE LISPECTOR









Pra quem na vida só levou porrada,
Pra quem acreditou na fantasia,
E vendo – logo após – a dura e fria
Realidade áspera – mais nada.

Pra quem só teve luta na jornada,
Ficando algumas noites de vigia,
Sonhando acordado – quem diria,
Até ver o raiar da alvorada...

Um sentimento busca; e quando o sente,
Abate-lhe um susto de repente.
Entristecendo logo que o anima...

Pois acha tudo isso como a bruma,
Que ao sol e ao vento esvai – não coaduna,
Já que a felicidade é clandestina.

2O/O7/2O11

sábado, 19 de novembro de 2011

ESTA ROSA





Esta rosa que lhe trago

ainda um pequeno botão,
Vem repleta de afago,
carregada de paixão.
Está bela colorida
meio tímida e cheirosa
Puro amor e pura vida
que transmite esta rosa.


Esta rosa vem de longe,

da montanha, colina –
talvez d’um jardim de monge –,
simplicidade ensina.
Ela é uma rosinha,
mas há de tornar-se grande,
é como Amor que caminha –
encantando que expande...


Esta rosa, Coisa linda

ela é mística – oh Princesa!
Sua essência nunca finda –
Nunca morre essa certeza,
basta cuidar dela bem
Ela é rara preciosa,
não entregue pr’outro alguém,
Não destrua esta rosa.


Pois s’um dia a destruir –

A deixar despedaçada –,
Vou fazê-la emergir –
Ela vai ficar curada,
Basta dar-lha muito afago,
E carinho e atenção,
Pois a rosa que lhe trago,
Ela é meu coração...

07/04/2000

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

MATERNIDADE





“Quando nasce um bebê, nasce também uma mãe”.
 –Comercial Jonhson’s Baby 


   As dores, a bolsa estourada, preocupação, a cabeça num redemoinho de emoções – esperança, medo e apreensão... O pai – onde estava? – não conseguia se lembrar. De repente – numa viela escura – as dores aumentaram. A dilatação cada vez maior. Sufocou o choro, as lágrimas, suando por demais, respirando com dificuldade, a criança é expelida. Ainda fraca, sorriu ao ouvir o choro do bebê. Pegou-o no colo – ainda com o cordão umbilical – entre lágrimas sorria. Tanto ela quanto o recém-nascido tremiam. Embalou muito bem a criança, jogando-a depois num latão de lixo que havia ali perto. Voltando – preocupada – tentando se lembrar onde esquecera suas preciosas pedras de crack.

2O/O7/2O11

ELABORAÇÃO




A lua vinha bela - cor de prata
E olhando, nós, a vida, então, brotar
E nua, minha, ao vê-la amor, que grata
Visão... Querida a voz diz quando dar

O que de bom está guardado a alguém
A rosa, em chama, arde ao beija-flor
E vê-se o tom que há - se dado bem
Ah! Beija! É tarde! Ama Airosa!... A dor

Vai só sentir n'início...- logo passa
Viver o gran momento a pele pede
Um nó é vir. Difícil jogo a caça.

Ah... ele ao vento é fão e quer - tem sede
De penetrar na fonte desde então -
Pr'entrar no monte haja elaboração!...


         09/04/07

PRESSÁGIO







Alta hora – frágil,
Escura noite. A coruja
Pia. – Bom presságio.

17/O9/2O11