Desde
menina, Samanta tinha sonhos estranhos. A primeira vez que aconteceu, ela tinha
sete anos. Acordou assustada e chorando. Seus pais lhe perguntaram o que tinha
acontecido. Sonhei que o vovô estava cheio de sangue. Seu pai abraçou. Foi só
um pesadelo. Porém dois dias depois, seu avô morrera atropelado. O choque foi
tanto que ela ficou sem falar por dois anos. Nesse período os sonhos pararam.
No dia de seu aniversário de doze anos, ela resolveu quebrar seu voto de
silêncio. Naquela noite sonhou com um terrível acidente. Aquilo a assustara por
demais! Mas nada disse a ninguém. Uma semana depois assistira na televisão
notícias do acidente – igualzinho como sonhara. Perturbou-se. Entrou em depressão. Seus
pais não desconfiaram de nada. Ela rezava para não sonhar mais. Passava as
noites acordada. Até que começou a ver de olhos abertos. Caiu doente. Sem
apetite algum. No terceiro dia sem comer, apareceu-lhe o Anjo do Senhor.
Samanta, Samanta o que temes? Quem é você? O Anjo do Senhor. Por que carrega
tanta culpa em seus ombros? Por favor, se puder tire isso de mim. Ah, bem sei
como é difícil nascer com um dom desses. Dom, não pra mim. Quando você vê
acontecimentos e tenta alertar as pessoas, elas dizem que estou louca. Que é
coisa da minha cabeça. Por favor, me cure. O Anjo a olhou com pesar e compreensão.
Assim seja. Desapareceu. A partir daquele dia, sentiu-se mais aliviada, mais
leve, porém mais vazia.
Uma
nova fase começou em sua vida. Completou o ensino médio. Prestou vestibular.
Conheceu o novo vizinho Henrique. E com ele se casou. Tiveram uma menina a qual
deram o nome de Viviane. Assim, quando Viviane estava com sete anos, entrou
chorando em seu quarto dizendo que tinha sonhando que a vovó tinha morrido.
Samanta ficou paralisada; seu coração disparado; enquanto Henrique apressou-se
em socorrer a filhar dizendo-lhe. Não foi nada querida. Foi apenas um sonho.
20/09/2011