quinta-feira, 3 de abril de 2014

ENTÃO 40...








Esse escrito não é uma crônica, não é um conto, talvez um ensaio, quem sabe... Dessa vez não quero pretensões literárias. É apenas um fluxo de consciência. Perdoem-me colegas se, de repente, o passado cruzar com o presente; importa é memória.
Ainda me lembro das “terríveis” manhãs para ir à escola e da primeira professora Maria José – um doce de profissional. Dos exercícios físicos, da hora das histórias na biblioteca... Lembro-me  dos domingos ensolarados e do horário de verão... Das chuvas de verão que caía no asfalto subindo um vapor então... Das tardes que nunca se acabavam quando, no ginásio, ficava olhando a estrada pela janela num olhar perdido... Dos trabalhos escolares na casa dos colegas e alguns que viraram grandes – os melhores – amigos... Das provas e trabalho de folclores... Aquele tempo era bom, pois o estudo era pra valer. As idas ao Centro Cultural para pesquisa...  O passeio ao zoológico, à fábrica da Coca-Cola, a Estação Ciência... Os anos passados no Figueiredo e como vivíamos numa espécie familiar...  Tiveram desavenças, descobertas, desafios... Os mestres que marcaram:  Ruth, Alteres, Waldemar, Cleusa, Valry, Nara, Neide,  e a dona Olga...
Lembro-me de uma viagem com meus primos a Barretos. Foi a melhor, depois viria uma grande perda: meu primo – com onze anos – morreria afogado no dia seguinte em sua nova residência. Passamos o Natal e o Ano-novo. Sim, lembro-me da árvore natalina em casa da minha tia quando eu dormia lá: o algodão qual neve, o pisca-pisca, os enfeites de vidros... Voltávamos da praça quando ele escorregou e caiu na fonte. Aí todos resolveram se molhar para ele na apanhar...  Eu era então um desbravador. Em minhas mãos as marcas da infância: Subia em árvores, pulava muros, queimava plásticos... As tardes eram longas...  A mãe era eterna... A vida era brilhante...
Então no Isaltino os novos companheiros...  O grande mestre Pedro Egídio – lembra Edson e Cris e Douglas?  Um novo campo, novas histórias e velhos companheiros... E quando fomos ao centro de Sampa com as caras pintadas? O mesmo aconteceu na greve na escola... São flashes e momentos que nunca passarão...





Os contratempos tinham – e como!... Mas parafraseando o poema de Drummond o “anjo torto” tentou – e ainda tenta – desanimar-me. As brigas familiares. O pai que era ausente... As dores foram intensas, a mágoa machucava, a timidez feroz trancava-me em uma jaula invisível.  Porém, a Luz que vem do céu é o meu conforto. Mas enfrentei e resolvi seguir...
“Chega um momento em que a vida para de nos dar e começa a nos tirar”, a frase é do filme “Indiana Jones e o reino da caveira de cristal”. Tão verdadeira é, pois minha mãe se foi, e duas de minhas tias... Então o grande vazio que fica obriga a prosseguir ou estacionar... Optei por seguir... Que culpa tem alguém? Revoltar-se não as traria à vida... Fácil não foi, mas quem precisa saber?
Sim, lembro-me das tardes em casa da minha tia com o pão salvado quente e chá com leite. Da comida que minha mãe fazia. Dos doces e tantas outras coisas... Do cheiro de café pela manhã... Dos sonhos de cientista, dos livros companheiros...
Tão vívidos momentos na cabeça. O tempo e o trabalho afastaram os amigos, porém a amizade só fortaleceu. Vieram companheiros na jornada  que ajudaram nessa caminhada... E agradeço a Deus  pelo amparo e pelos companheiros que Ele me enviou como presente... Muito obrigado amigos... Assim nesse breve brisa em que escrevo agora eu vejo como o tempo corre... A alma ainda é jovem, a mente  mais madura, a barriga cresceu, os cabelos rarearam... Mas a disposição e o desejo para o aprendizado e novas amizades estão intactos... Não sei como se chega aos quarenta, mas eis que entrei nele agora...kkk!


03/04/2014