quarta-feira, 31 de agosto de 2016

“ THE STAND”






(for Stephen King)

“Um vírus tão mortífero, letal
Jogado, foi jogado pelo ar;
Só para destruir – para matar
E teve a luta, então, do Bem com Mal...”

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Sentando observando a branca neve
Stuart fica pensando por um breve
E rápido momento – com’um prólogo
Começa a conversar em seu monólogo:

Estou muito confuso – muito ainda,
Estou sempre buscando as respostas
Mas quem vai responder-me? Dói-me as costas
E as pernas é uma dor tremenda – infinda
Eu quero! – Com quero – entender...
Mas agora quem vai me responder?!...

Eu não sei como tudo acontece
Era de tarde, o céu escureceu
Um aguaceiro enfim, do céu desceu
A chuva também trouxe seus perigos
Um guarda – nome Champion – adoentado
Tossia tanto, tanto – que coitado! –
N´imaginava o que viria ao mundo –,
Falou-me, então, d´um tal Homens das trevas.




“– Tentei fugir amigo, mas não deu
Com seus sofismas muita gente enleva
Não sei de nada que me aconteceu...
Disseram-me alerta! – só alerta!
Alerta! Pois deu pane no sistema...
Então, pelo visor,  aquela cena
Deixou-me horripilado! Eu vi deserta
A Terra toda. – Vi vazia a Terra,
Como se fosse numa feroz guerra
Na base  militar – de portas foscas –,
O cientista sempre a me gritar:
‘Tranque’ os portões pro vírus n’espalhar!
Aqui pessoas morrem como moscas!
O povo pensará qu’é uma gripe
Nem nós sabemos o vírus que é...!’”

“Saí desesperado com meu jipe”
‘...nós vamos enrolar o povo até
Acharmos uma boa solução...’
“Foi isso apenas a conclusão”

Passados alguns dias, os soldados
Chegaram já cercando toda  vila
Nós éramos agora os procurados
Adeus a convivência tão tranqüila,
Nós fomos pra cidade de Vermont
Num centro de doenças – nada bom.
Ficamos como símplices cobaias.
O tempo foi passando, foi passando,
Então dentro do quarto preso – ai as
Minhas idéias só se conflitando
Ao me lembrar daquele ser trevas...





Eu tive muitos sonhos n’hospital
Eu caminhava sobre um milharal
Sentindo ao longe a música na relva
Estava, então, descalço – senti frio.
“–  Bem vindo à minha casa texano
Me chamam de mamãe Abagail
Escute essa mensagem  que conclamo
Venha-me visitar, você e os seus
Amigos para aquele gran confronto
Vocês serão guerreiros do bom Deus
A tempestade vem. Você está pronto?!”

Eu perguntei-lhe, então, que tempestade?
“– A tempestade dele – Randall Flag
Então não perca muito tempo! Pegue
Os seus amigos, venha pra cidade!...”





Quando virei pra trás, que monstro horrível!
Com ratos – muitos ratos – o seguindo...
Olhar tão rubro, opaco, insensível...
Mas acordado a imagem foi sumindo...
No quarto, então, fiquei desesperado
Pois imagine só estar trancado?!
E sendo, então, cobaia sem saber
O quê virá ou qu’está pra acontecer...

No hospital só eu sobrevivi;
Ainda havia um médico doente,
Não me aceitava por ser resistente
Lutei. Matei o médico. Fugi...
Pensei que não estava em  minha terra;
Mas ao olhar pra cima, a bandeira
De meu país me disse: “Vá a guerra!
Pois essa é a batalha derradeira”
Então andei até não poder mais
E pelo meu caminho tanta gente
Estava apodrecendo lentamente
Assim como também os animais...
Não posso mais andar...O quê eu faço?!!!



Ao longe eu avistei um casarão,
Com um senhor idoso a pintar
Um quadro colorido em profusão
Me convidou depois para seu lar
Eu vi um animal – eu vi um cão
E disse para ele: é o primeiro
Cachorro que eu vejo desde então...

“– Assim com’eu ele é também guerreiro,
Meu nome é Glen Bateman, professor,
D’História. Lecionava em faculdade,
Agora não sou mais; quanto terror
E pesadelo tenho . – Que saudade
Eu sinto dos alunos; do calor
Eu tenho tido sonhos, ou visões,
Com uma anciã – senhora negra –,
Estou senil, não tenho ilusões,
Mas ela colocou-me esta regra:
Pr’eu ir para cidade de Nebraska...”

Eu recebi também essa mensagem,
Do meu sapato só sobrou a lasca,
De andar, andar, andar nessa viagem.

Passados alguns dias um casal
Apareceu também nesse lugar
O rapaz jovem  meio radical,
A moça por quem fui me apaixonar –
E claro que eu não tinha a intenção
Mas percebi que Harold – o rapaz –,
Gostava muito dela – de paixão.
Mas eu não pude imaginar jamais
O que estava por vir – pra acontecer.

Voltando ao controle de doenças,
Para o grande poeta poder ver
Que só havia, agora, lá  imensas
Carniças, multidões e só  fedor...
Cadáveres, cadáveres malsão
Com vermes, varejeiras, podridão
Começamos, assim, nossa jornada...



Chegamos na “Cidade Prometida”
Pensei que  fosse já o fim da lida,
Mas inda tinha a última batalha,
Exterminar o Flag – o canalha...

Eu lembro-me do Nick – amigo mudo,
Nós lá no sindicato num estudo –
Aprimorado estudo – de repente
Sentimos algo estranho – um aviso
E Nick, então correu bem velozmente
E foi no guarda roupa num preciso,
E tão detetivesco, intuito forte
Salvou-nos, com sua vida, de uma Morte...



Mamãe Abagail tinha sumido,
E nós ficamos bem desesperados,
Fiquei meio confuso e perdidos,
Mas ela apareceu – dias passados –,
Passou pra nós sua última visão...

“– O pai me disse para eu voltar,
Para dizer-lhes da preparação,
Que vocês quatros irão enfrentar,
Stuart, Glen Bateman , Ralf e Larry,
Sairão daqui imediatamente,
Andando sob a lua e o sol quente,
Ser rápida preciso antes qu’encerre
O meu último fôlego de vida...
Caminharão com a roupa do corpo,
Não levarão consigo alimentos,
Deus proverá em  todos os momentos,
Em frente Flag – aquele ser tão torpo.
Cuidado! Um dos quatro cairá,
Eu não consigo ver. Não sei quem é,
Mas, por favor, guerreiros tenham fé,
Não há mais tempo. Partam! Partam já!”

Depois das instruções cerrou seus olhos,
Pensei comigo então: Quantos imbróglios!
Então partimos logo em seguida,
Sem levar roupa, água ou comida,
E caminhamos por tantas estradas,
Quantos sóis quentes. Quantas madrugadas,
Andávamos, andávamos então,
Olhando o horizonte – a imensidão
As casas, os caminhos – cemitérios
São lápides, sarcófagos agora...
O mundo está parado – jaz a hora
Morreram presidentes, reis, impérios,
Não resta quase nada de uma raça,
Aqui na Terra tudo, tudo passa...



Então chegamos num abismo infindo,
Los Angeles estava d’outro lado,
Não dava pr’eu  ficar ali parado,
Kojak foi, os outros foram vindo
Estávamos, então, já lá embaixo:
Subir não é tão difícil, eu disse – acho.
E escalei, então, o morro acima –
oh mal sabia eu da minha sina,
Escorreguei; caí pela encosta
Perna quebrada com fratura exposta,
E Larry não queria, então, mais ir
Mas eu falei-lhes: devem prosseguir...
Oh foi dificultoso convencê-lo.

“– Oh Deus! Oh Deus! Não dá para entender
Oh como vou deixá-lo pra morrer?!...
É este o Deus de amor? Que pesadelo!...”

Eu respondi-lhe, então, pra que ter medo?
Se Deus quiser que eu coma mandará
Comida para mim – como o maná –,
Qu’Ele enviou pr’aquele povo azedo,
Ou mandará os corvos com comida,
Não foi assim com o profeta  Elias
Metido nas montanhas vários dias?
E o povo do Egito na gran lida
Do sol ardente, cáustico e incerto,
Sentiram muita sede – muita sede.
E logo à frente a rocha – uma parede,
Moisés falou e dela verteu água,
E o povo refrescou aquela frágua?
S’Ele quiser que eu  beba proverá
A mais gostosa água mineral
Do firmamento chuva mandará –
Sim chuva temporã, torrencial...,
E Larry recostou-se ao meu peito
E debulhou-se em lágrimas – chorou.
Eu confortei-o – fez-lhe algum efeito.
E a contra gosto disse-me: “Eu vou!”
Vão logo meus amigos guerrear
Em Los Angeles – grande Babilônia,
A Zona Livre – nossa gran colônia –,
Espera-nos pro mal ter que findar...
Porém Kojak, o cão,  não quis partir
E Glen chamou, chamou ele não foi.
“– Até os animais stão pra servir!”
Disse-nos Ralf um vendedor de boi...



Partiram meus amigos – não os vi mais
Fiquei ali naquele sol dourado,
Com cefaléia e meu rosto queimando,
Me resfriei. Pedi pra Deus a paz.
Kojak, o cão, trouxe pra mim a caça.
Senti falta da Frannie – minha amada
Olhando a bela lua branca, baça...

U’impulso muito forte m’abateu
E eu a me arrastar e m”arrastar
Subi o monte aos poucos que cedeu
Mas Tom me deu sua mão pr’eu segurar,
Depois de alguns momentos o que vimos –
Distante, bem distante, o cogumelo
O fim de Randall Flag e seus ensinos,
Da Morte e seu cavalo amarelo...

Estava mal – muito gripado,
Mas meu amigo Tommy, do meu lado,
Falava para mim: “Não morra amigo!
Você morrendo, eu ficarei sozinho...
Ficar na solidão desse caminho,
Eu temo muito Stuart, fica comigo!
Você não come Stuart. Tem Que comer!...
Beba essa canja quente qu’eu te fiz!...
Deguste, por favor, pra não morrer...”

A minha vida estava por um triz
E Tommy m’entupiu de comprimidos,
Eu perguntei-lhe, então: Tommy m’explique –
Após sentir mais forte meus sentidos –,
Se esse remédio é o certo?



 
                                                “Foi Nick

Ele fala comigo no meu sonho,
Sim, toda vez que os problemas exponho,
Ele  ajuda a encontrar a solução,
Eu sozinho naquela solidão,
Chorava, só chorava por você,
Então Nick perguntou-me o por que.”
‘Por que chora aigo? Por que o pranto?’
Apontei-te então aqui no canto,
‘Ah, vem comigo então!’, disse e chegou,
Ali numa farmácia e me mostrou
Qual o remédio certo pra te dar
Ele falou que você vai se curar...

Adormeci. Depois de longos dias,
Eu acordei lá fora – lá no banco.
Vi Cullie ali em seu choro tão franco,
Olheiras roxas vi das noites frias,
Que grande amigo ele se demonstrou
Sempre ao meu lado dando me esperança.
A força de vontade me curou...

Peguei depois um carro pela estrada,
Com um cadáver podre, enlameado,
Limpei meu carro, então, e já cansado
Pisei para partir na madrugada...
Nós três, então, sonhávamos voltar
Pra Zona Livre – para nosso lar –,
Queria ver a Frannie e meu bebê,
Rever amigos que ficaram lá
Mas sei que meus amigos foram já –
Senti, previ, não sei dizer porquê.
Depois que Abagail! Mamãe – partiu,
Ao nós partimos para enfrentar
O Randall Flag senti um calafrio,
E Harold matava-se ao ar
Um tiro de revólver na cabeça,
Da pólvora senti o gosto; e,  a dor
Em meus miolos – dor estranha – avessa.



Mas começamos ir lá pra Nebraska,
Estava,então, uma forte nevasca,
Depois d’andar chegamos lá então...
Estávamos em casa – que emoção...
A Frannie havia, a pouco, dado a luz,
A uma menina linda, linda, linda,
A minha alegria era infinda.
Agradeci a Deus e a Jesus!
Vocês são meus tesouros – minha vida,
Que vão cicatrizar a gran ferida
Qu’está ainda aqui dentro do peito
Quando eu perdi a minha esposa Helena...
Não quero me lembrar daquela cena...



Agora sei que foi qu’aconteceu
O vírus tão mortífero – letal,
Foi Flag que o criou – aquele tal
E quando o mundo todo feneceu
Eu sinto não findar – eu sinto ainda
Esse Armagedon – a luta infinda –,
Mas Deus nunca permite o  Mal vencer
Os seu heróis estão sempre a colher
Pois ser todo d’Ele o fim do mundo.
Eu fico aqui pensando bem profundo
E sinto que a batalha não cessou
Pois tenho novos sonhos e visões –
Vou repassar, por isso – sim eu vou –,
Que ás vezes, chega a dar-me convulsões
Pessoas mil morreram espalhadas
Em derredor do mundo solitário,
Tantas perguntas – hoje já calados,
Nos acontecimentos sem tamanhos
No vírus, violência dos saldados.
Os planos do Senhor são mut’estranhos
Estranhos como os tempos passados,
Qu’Ele pediu um’ arca pra Noé –
Noé logo aceitou – com muita fé.
Testou a obediência de Abraão –
Ele se pôs de pronto desde então .
Provou também a fé do grande Jó –
Que ficou pobre, podre – quase pó.
E carregou o Jonas na Baleia –
Que vomitou depois ele na areia.
Que falou pra Ló n’olhar pra trás,
Mas a esposa dele n’aguentou
E desobedeceu a Deus. E mais
Estátua, então, de sal se transformou...
Eu sinto que não posso mais fugir,
Pois muitas coisas. Tem-se revelado.
Não quis ver, nem falar e nem ouvir
Não deu. Mas sinto estar bem preparado
Estou fortalecido. Estou são;
Espero  minha  próxima missão!...

05/02-12/03/1999





COMO EU DISSE ANTES






Os que se foram – como eu disse antes –,
Deixaram uma essência e uma saudade
E um turbilhão, à noite vem e invade
Com inclementes dores – lancinantes...

As dores do abandono em  instantes,
Penetram fundo n’alma; e soledade
É o que resta  após. E uma vontade
De ver e ouvir sorrisos de brilhantes...


Os que se foram formam um cemitério,
No coração, na mente, de quem fica...
Porém observando o céu sidéro

A luz de cada estrela que se lança,
É uma semente que se multiplica,
Em gotas reluzente de esperança...



13/08/2015
31/08/2016