quinta-feira, 9 de março de 2017

BIOGRAFIA






“Se nada mais serei senão meus versos”
 Marcos Loures
 


Hoje o que sou? – Não sei; e nem me importo.
Da Letra e da Palavra eu me alimento –,
Pois é meu ideal o meu alento –,
Abrigo mais seguro – um bom Porto...


Com elas aconselho – como exorto,
O que é para minh’alma bom provento,
E fico divagando algum momento,
O quê serei então depois de morto?


Não ligo; pois no Mundo da Escrita,
Minha ária – uma imortal – será bem dita,
Meus sentimentos às letras vão imersos...


Não me preocupo com biografias,
Só basta olhar as vidas das poesias,
Pois lá o que serei senão meus versos?




11/11/11

FÓRMULA DO SONETO








Para escrever soneto é preciso,
Ter aquele domínio do escandir,
E não deixar um verso frouxo e friso,
Mas um enleio só no exibir...

Não basta só vontade, mas ter siso
Juntar trabalho ao lume quando vir,
E ao perceber que houve prejuízo,
Queimar – se necessário –, e repetir...

A lavra leva lima e a loa a lua –
Razão e sentimento, enfim, juntos;
E a imaginação assim flutua...

Para atingir aquela perfeição,
Haja pesquisa e escrita de assuntos,
Até parece fácil, e não é não...


14/11/11

PANCADÃO






          “Observe, por exemplo, a mediocridade da sociedade atual, que valoriza canções que emburressem os ouvintes. Vivemos na geração da ‘eguinha pocotó’ e das cachorras. E poucos percebem que a mulher está sendo chamada de quadrúpede, cachorra ou égua”. E terminou: ‘Engolem isso sem o mínimo senso crítico. Não creio em outro mal fora esse. Pegue um grupo de pessoas e analise uma letra do Chico Buarque ou Caetano Veloso, por exemplo, e você ouvirá o comentário: “eu não tinha percebido que essa música dizia isso. ’ A maioria não consegue mais pensar porque não filtram o que ouvem.”

Marcos Cipulo, prof. e músico dr. em psicologia da personalidade UNIBAN. – Folha Universitária. Ed 280. – Jornal da Universidade de São Paulo. UNIBAN de 19 a 25 de Setembro de 2005.



Um neurônio se vai ao pancadão,
Aos poucos o pensar se esmorece,
Enquanto na estante apodrece,
A fonte do saber um livro vão...

Vai se formando a nova geração,
Com uma mente em que tudo se esquece,
No toque que apenas emburrece,
Do pocotó ao “Bonde do Tigrão...


A degenerescência cultural,
A perda do parâmetro moral,
Parece ser as leis – serem fomentos...


Na Era das cachorras – periguetes,
As popozudas jogam seus confetes,
Pra geração de asnos e jumentos...


24 de março de 2012, 07: 40


http://www.odiario.com/blogs/trivial/2012/03/20/a-culpa-nao-e-do-funk/

DELIVERY FAST- FOOD







Na luta vão da Hora dia-a-dia,
No cosmopolitismo, escravizado,
E Cronos nessa antropofagia
Nessa corrida sempre derrotado.

Enquanto avança a tecnologia
Produtos somos de supermercado
A comunicação está mais fria
E o sentimento sofre sublimado...

Sufoca-se naquela agitação
Onde ninguém têm mais tempo pra nada
Mas têm-se pra matéria e para posse...

Só cifras, fingimento e ilusão,
E tudo é  fast-food em pavorada
E até o orgasmo tem-de a ser precoce...


10/09/07






EU POR MIM







EU – Vamos fazer um jogo de perguntas e respostas? Eu falo uma palavra e vc diz o que vier à mente?

MIM – Tudo bem. Vamos ver o que sai.

EU – amor

MIM – Deus

EU – vida?

MIM – uma dádiva

EU – Dádiva?

MIM – Milagre

EU – Milagre?

MIM – Consciência

EU – Bem?

MIM – Luz

EU – Mal?

MIM – Iceberg

EU – Esperança?

MIM – Espera angustiante

EU – Sonho?

MIM – Nuvens

EU – Perdão?

MIM – Esperança

EU- Amizade?

MIM – Mistério

EU – Dor?

MIM – Mazela necessária, às vezes.
EU – Futuro?

MIM – Uma incógnita

EU – Presente?

MIM – Um caminho pela metade

EU – Morte?

MIM – Saudade

EU – Saudade?

MIM – Vazio

EU- Tristeza?

MIM – Morte

EU – Alegria?

MIM – Sorriso de criança

EU – Sexo?

MIM – Prazer

EU – Prazer?

MIM – Viver

EU – Viver?

MIM – Aprender e ensinar

EU – Dúvida?

MIM – Um ponto de interrogação

EU – Paciência?

MIM – Uma lesma fazendo um percurso de 100 km sem desistir de chagar no final.

EU – Eternidade?

MIM – Infinito

EU – Vida?

MIM – Uma hemera

EU – Vaidade?

MIM – Ilusão

EU – Ilusão?

MIM – Miragem

EU – Você por Você?

MIM – Eu por mim?...  Um observador que tem muito a aprender ainda... Que precisa viver mais a vida... Parar de preocupar com banalidades... Saber que é limitado... Que precisa se cobrar menos... E principalmente dar-se menos, ou seja:  à medida que o povo se der... Para depois não cair na frustração

Entrevista feita por EU a MIM na madrugada de sexta-feira às exatamente 05: 16 hs.


01/02/08

ELE COSTUMAVA AMÁ-LA

Foto: Boleganiki , iStock.by Getty Images



Conheceram-se no dia em que foram conferir a lista de aprovados. O grito fora unânime:

- Passei!

Um olhou para o outro e sorriram. Ali nascera um sentimento muito forte: o amor.

Fizerma as inscrições. Caíram na mesma sala. Estudaram até o fim. Casaram-se após a formatura.

No Rio de Janeiro ia acontecer um show de rock. Eles eram fissurados em rock: Iron Maiden, Megadeth, Metallica, Pink Floyd, Red Hot Chilli Peppers e Guns 'n' Roses, entre outros. Emerson não tinha o cabelo comprido, mas usava umas roupas a caráter às vezes. Alice também era discreta.

O hobby de Emerson era mexer com terra. Gostava de jardinagem. Durante o dia trabalhava em um escritório; à tarde, tirava a roupa social e ia para estufa, ou mexia no jardim em frente à casa.
Alice gostava de fazer bolos. Trabalhava num pet shop.


                     *                     *                    *

Apesar de curtir  rock, Emerson era calmo e equilibrado, diferente de alguns colegas que conheceu. Mesmo quando nervoso, tornava-se apenas sério e nada mais.

Amava Alice desesperadamente, não conseguia imaginar-se sem ela.

Um dia - depois de muitos anos -, vieram dizer para ele que Alice  o estava traindo. Ele apenas disse: "Não acredito! Mostre-me primeiro." Era difícil; então tudo estava bem.

Os boatos não cessavam. De repente toda a vizinhança comentava:

- Você viu Alice com fulano? Coitado do seu amrido, homem tão honesto.

- Quem nasce pra ser corno, vai ser até morrer.

                   *                       *                          *

Uma noite sentado no sofá assistindo ao jornal, enquanto Alice fazia o jantar ele pergunta:

- É verdade?
- Verdade o quê?
- O que andam dizendo por aí?
- Dizendo o quê Emerson!? Dá pra ser mais claro?
- Que você anda me traindo e...
- O QUÊ!? - ela começou a choramingar. - Você pensa isso mesmo de mim?
- Estou só perguntando... Calma! Eu acredito em você. Sim acreditava, pois tinha jurado para ela e ele mesmo que a amaria até o fim de sua vida.

Fizeram amor aquela noite...

            *                           *                                  *

Mentira ou não Alice passou a evitá-lo mais. Um dia estava menstruada. No outro dor de cabeça. Num outro dia cansada demais...

Numa manhã, enquanto tomava banho, ele ouviu o telefone tocar.

Deixou o chuveiro ligado e correu até à porta. Encostou o ouvido na porta.

- Oi querido.
Seu coração disparou.
- Não ele está tomando banho. Não ligue mais ouviu?

Acho que estou dormindo ainda. Deve ser um pesade, ele pensou.

- A que horas? No mesmo lugar? Tá bom então um beijo.

Às vistas de Emerson tornaram-se escuras. Chorou apenas.

              *                       *                           *

Procurou um detetive particular. Contratou-o. Pediu-lhe apenas fotos. Qeria um flagrante.

- Tudo bem. Daqui a duas semanas.

Terminado o prazo, o detetive chega, entrega-lhe os documentos:

- Eles vão se encontrar no motel tal... a tal horas desse dia...
- Obrigado. Aqui termina seu serviço.

Pagou o combinado e dispensou-o. Em seguida ligou para seu advogado. Afinal não queria dividir nada com Alice. Ela era a tridora nmão ele. Justiça seja feita.

No dia marcado, Emerson pediu lincença na empresa. Caminhou ao estacionamento, pegou o carro e foi ao motel. Chegando lá, subiram ao andar indicado e ao abrir a porta, uma surpresa: Ninguém!

- Cadê eles?!

Desceram as escadas o gerente apenas balançou os ombros indicando que estava mais fora de órbita que tudo.
Emerson se sentia humilhado demais. Sentia-se rídiculo com a cena.
- Não entrou nenhum casal aqui com esse nomes.
Foi para casa feliz da vida. Eu sabia meu amor. Tudo boato. Eu ainda caí nessa? Tremendo idiota!
Chegando em casa um choque maior:
As coisas de Alice não estavam lá.

- Será que ela foi embora? Não estou sonhando novamente.
- Calma Emerson! Você está muito nervoso! Beba um copo com água, ok? -Tentou amenizar Figueira. - Mas é o que parece, - completou.

Chorou muito; por vários dias.
Então era a vingança por eu não ter acreditado nela - sentenciou.

Procurou ligar para os parentes dela, os amigos e nada. Tentou todas as formas de comunicação. Jornais, revistas, televisão, panfletos, montou até uma central, mas nada. Quando ligavam ou era trote ou alarme falso.

- Eu te perdôo querida, mas volte. falava para si mesmo.

                      *                    *                        *

O tempo foi passando. Ele acabou se esquecendo.
Soube depois que tal Fulano, também havia fugido deixando a mulher com dois filhos. Depois da aceitação, entrou na justiça para separar pelo litigioso. Agora livre, retornou às suas atividade.

O jardim que estava um tanto abandonado e esquecido, pegava nova viço.

Num domingo pela manhã um amigo veio visitar-lhe.

- Tudo bem Emerson?
- Como vai Tadeu? Puxa cara há quanto tempo!
- Que o diga os meus fios de cabelos brancos - ironizou.
- Entra aí.
Ele entrou
- Aceita um café? Água? Suco?
Emerson ligou o rádio numa estação de rock.
- Como nos velhos tempos hein? Recuperou-se?
- E até hoje nada... Precisamos caminhar a vida não para. Mas vamos falar de outra coisa. O passado não retorna nunca.
Saíram em direção ao jardim. Emerson continuou o seu serviço, limpando as plantas.

Conversaram sobre vários assuntos. O rádio tocava as canções envenenadas...

- Nossa como suas plantas estão viçosas, mais vivas, mais bonitas. Qual é o segredo?
- Adubo - ele respondeu.
Nessa hora,começou a tocar a música "I used to love her" do Guns 'n' Roses. Emerson aumentou o volume e comentou:

- Essa é a minha música preferida...



               

30 - 31/ 01/ 07 - (in Salpicos e Borrifos)