quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL DE TODOS NÓS






Brilhou no céu a luz da estrela a anunciar,
Que a graça a de voltar aquém  e a quem conduz,
A força que reluz em cada vida e olhar...
Mostrando um esgar da face de Jesus...

Brilhou na escuridão – e um sentimento em mim,
Estranho se formou. Foi-se o vazio então...
Chegou Natal!Chegou a Esperança enfim...



11-12/12/2009




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

UM CONTO DE NATAL






Meu nome é Norberto. Trabalho no escritório de uma grande multinacional na avenida Paulista. Estou com quarenta e dois anos. Sou casado e tenho dois filhos.
O que tenho para relatar nem eu mesmo acredito. Há coisas que são inexplicáveis.
Nunca fui muito adepto de algumas datas festivas. Acho tudo puro comércio. Com exceção do Ano-novo e data de aniversário. Veja bem: Dia das mães, das crianças, dos pais, dos namorados e por aí vai; tudo para aquecer o comércio. Com o Natal pensava o mesmo. Pois o real sentido mesmo – como na Páscoa – poucos têm ciência.
Alguns até achavam-me um chato. Que estava me tornando um velho ranzinza, porém eu contestava.
Então me diga, qual o significado do Natal? Nem mesmo a histórica do Papai Noel vocês conhecem.
Você está amargo demais.
Talvez. É que chega um momento em nossa vida que a fantasia já não consegue mais fazer morada; mesmo nós insistindo.
E conversa vai e papo vem, há um Banco na Paulista que sempre monta temas natalinos.
Que besteira, disse para mim mesmo.
Besteira ou não, quando chegou o natal passado, foi aquela mesma situação: Luzes, papais-noel, anjos e árvores natalinas, dentre outra coisas.
Estava vindo do almoço e avistei o anúncio: “Vistie a casa do Papai Noel”.
Ainda faltava uns vinte e cinco minutos quando resolvi entrar para fugir do calor. Algumas pessoas estavam passeando por dentro da casa exposta do casal Noel. Sentei-me no banco. Acendi meu cigarro, porém, repugnou-me. Apaguei-o. Levantei-me e fui em diração à saída. Olhei no relógio  faltavam vinte minutos. Os primeiro cincos minutos pareceram horas.
Quando cheguei até a metade do caminho, olhei para o lado, depois para outro e resolvi entrar. Afinal, a decoração estava de uma beleza profunda. Não havia ninguém no momento na casa Noel. Comecei pelo quarto. As almofadas, um cachorro rosksiberino filhotinho muito verossimilhante. Fui para a sala. Uma lareira aconchegante, nos sofás gatos e ajundantes do velhinho. Assim, quando adentrei-me à sala algo inusitado aconteceu: um cheiro aconchegante de café e bolo natalino, misturado a biscoitos amantegados, frutas secas.
Nossa! Eles capricharam mesmo, disse eu sozinho.
Seja bem-vindo a Santa Claus!
Quando me virei, deparei-me com aquele velho de olhos azuis como safira, barba branca, e bochechas rubras.
A princípio pensei que fosse alguma gravação, mas quando o vi vindo em minha direção, fiquei estático!
Tudo bem meu filho?
Continuei olhando-o admirado.
Quem é você?
Olha, costumam me chamar Papai Noel. Mas meu nome mesmo é Nicolau.
Tentei sair, porém não conseguia.
O que você fez?
Eu? nada. Você entrou aqui de bom grado querendo respostas, não e mesmo Norberto?
Como sabe meu nome?
De repente, aparece uma senhora com um xícara fumengante e um pedaço de bolo:
Para você querido. Acho melhor sentar e ouvir o Nicolau.
MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!
Não adianta gritar Norberto, ninguém te ouvirá.
Quem são vocês?!
Olha, vamos começar pelo início: Meu nome é Esperança, Bondade, Harmonia, Prestatividade, Amizade, Espírito de Natal, mas conhecido como o Espírito Santo.
Hã? não estava entendo nada.
Porém, as coisas tem mudado muitos de uns séculos para cá. As pessoas andam tão materialistas e egoístas que aos poucos estou me afastando desse mundo.
Como ?
Sim. Vês como a cada dia mais aumenta o ódio, a incompreensão, falta de amor?
Assenti com a cabeça.
Então, cada vez mais me enfraqueço.
Mas como ?
Simples. Quando a maldade começa a imperar, os bons fluídos, os anjos, e tudo mais benéfico que existe se afastam, não porque querem; mas pelo próprio povo que os rejeitam.
Mas e quem tem fé?, perguntei-lhe.
Esses são os responsáveis pela luz que há no mundo. Quando faz um ato de caridade, é uma raio de luz que ultrapassa a barreira de escuridão trazendo um pouco de alegria a este mundo tenebroso.
Eu acho que estou em crise de esquizofrenia.
O velho balançou a cabeça desconsolado.
É, eu sei Norberto. Conheço seu caminho. Lembro das notas vermelhas, escondidas de seu pais. Do perfume importado que quebraste de sua mãe. De quando numa noite correstes para o quarto de seus pais em meio a tempestade. Eu estava lá ouvido a sua prece: Meu Deus me ajuda! Porém, você fugiu.
Olhei-o, e as lágrimas caíram-me dos olhos.
Sabe, não devemos nunca perder a compaixão, o amor, a esperança. Eu sinto, o que acontece pelo mundo. Mas o mundo vai mal pela egoísmo humano mesmo.
E nunca mudará?
Sim, um dia.
E quando?
Depende do Humanidade.
E Deus? Aonde está em meio a tanto sofrimento?
O povo sempre culpa-me pelas calamidades causadas por eles mesmos. Pensa que gosto de ver meus filhos assim? Não sabe a dor de um Deus. Se alguém adoece é conseqüencia, muitas vezes de hábitos errôneos. Se uma pessoa é boa e sofre tanto é por essa maldade que impera. Criei leis que não posso transgredi-la. Não posso interferir na vida humana, se não, não haveria o livre-arbítrio.
Por  que se revelou a mim?
Eu vi seu coração angustiado. Sem fé, nem alegria. E cético às a questões da alma. Sabe o bem existe. O mal também os ronda. Porém estamos pronto a ajudar a quem precisa, claro, quando é-nos solicitado.
Coma o bolo.
Comi-o e nunca senti sabor tão sublime e envolvente.
É bolo de quê?
De mel. Conhece o maná?
Olhei-o incrédulo.
Do povo Egito?
Exatamente esse.
A xícara fumegante não era café, mas um concentrado de frutas. Senti o gosto de maçã, casca de laranja, canela, abacaxi, damasco e menta.
Olha, eu sei que estou maluco, porém não acredito em papel noel.
E faz bem. Porém como reagiria se eu viesse como pomba para conversar contigo?
As pessoas perderam o senso do Nartal e da Páscoa, disse a ele.
Então, o resgate tem que começar através de você. E você passará a outro que levará a outro e assim sucessivamente. Comemorar é bom. Porém devemos ter em mente o significado do Natal. Eu nasci para resgatá-los.
Jesus?
Sim sou eu.
Senti naquela hora um calafrio, tremia da cabeça aos pés. Meu corpo incandesceu.
Basta, Ele disse, e fiquei calmo.
Mas...
O que faço aqui? Sabe, uns cino mil anos atrás, encontrei-me com o larápio desse mundo para saber o que fazer pra resgá-los. Ele me disse que queria as pérolas do meu sofrimento, a rosa do meu sangue e os diamantes de minha lágrimas. Eu aceitei. E quando morri na cruz e voltei dos mortos, ele chegou com uma caixa e me mostrou. Está vendo Jesus? Eles não querem você. Mas eu sei que tenho meu rebanho, você é um deles.
Chorei apenas.
Creia apenas. O mundo há de mudar.
Então me vi saindo, não sei como correndo, o povo me olhou, pensando se não havia surtado.
Estou bem pessoal. Foi só um queda de pressão.
Quando olhei pra trá eu vi o prato com o pedaço de bolo mexido, o bolo cortado – outrora esta inteiro – e a xicara pela metade, mas tudo de mentira. Olhei para o Noel e estava então com um olho fechado, como se tivesse piscado para mim dizendo assim: foi sim, tudo verdade...
Depois desse acontecimento, resolvi participar mais para ajudar o povo carente. Visitar orfanatos, hospitais, e vi que o maior presente é um sorriso numa face de criança ou de alguém enfermo, feliz porque alguém se lembrou dele.







05/12/08

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A MOSCA





“ Uma mosca circulava inconvenientemente
sobre sua cabeça.”

  Jô Soares, O Xângo de Baker Satreet


Era tarde  da noite; eu lá sentado
Na mesa do escritório – escrevendo,
Olhei pra fora e estava, então, chovendo,
Eu, também, lia;  – calmo e relaxado
Choveu bastante; forte, e, de repente
A chuva foi cessando calmamente
Ficando um silêncio absurdo.
E eu tentava ouvir... Tão muda e calma
Estava à noite, até gelou minha alma
Cheguei até pensar: “eu estou surdo?”

E comecei bater na mesa então.
Para ouvir – ao menos, algum som
“Não; não estou” eu disse, assim, “que bom”
Fiquei observando a cerração
Voltei-me ao papel do esboceto –
Apenas uma idéia pr’um soneto –,
Romântico demais... – sentimental
Par’um amor vivido ardentemente
Que foi-se embora triste, de repente...
Dizendo-me que foi fenomenal...

A noite era apenas de saudade
E de preocupação com o indivíduo –
Que para muitos é como resíduo –
Que vive aí: jogado na cidade
Assim pensando pela noite fria
O que senti foi só melancolia
E compaixão – vontade de ajudar
A toda gente, enfim, desesperada
Que busca auxílio até de madrugada
E, à vezes se afoga, então, num mar

Num mar de solidão e de tristeza
Num mar de águas negras – de egoísmo
A cada dia morre o romantismo
Levando, do caráter, a nobreza
E comecei chorar – mesmo não crendo
Que as lágrimas estavam escorrendo
Pelo meu rosto – pela minha face
E eu falei assim: “Meu Deus!... que triste
Um ser humano bom, não mais existe?
Pois hoje em dia quase ninguém dá-se...”

Fiquei, então, em meu questionamento
Fiquei ali só de lamentações
Dos desenganos, das desilusões
Que eu passei também por um momento
Mas mesmo assim é bom tentar de novo
Tentar auxiliar todo esse povo –
Às vezes até gente da elite
E comecei ouvir, em meu ouvido,
Uma perturbação como um zumbido
“Vai ver”, falei “que é labirintite.”

E ignorar, então, eu procurei
Àquela sensação lá da cabeça –
Estranha sensação – devassa avessa –,
Até que quando, então, pra trás olhei
E quase que caí de meu assento
Ao ver tão grande monumento
Voando sob a luz tão baça, fosca
“Não pode ser!”, pensei ao ver o inseto –
Ali sobrevoando – que abjeto
E triste de se ver tão grande mosca!...

A mosca era brilhante – esverdeada,
Talvez uns dois centímetros que tinha
Nas asas grandes vi linha por linha
Da tão fina nervura acobreada...
A mosca ali parou me observando
E levantava vôo, vez em quando
E eu peguei, então, o meu chinelo
Tentei matá-la, sem muito sucesso
“Espero qu’eu não leve um tropeço
Eu disse ao subir num escabelo.

Mas ela, então, voou – ficou no teto
E como eu estava irritado
Eu comecei xingá-la; e ao meu lado
Eu vi uma vassoura; fui direto
Pegá-la pra matar aquela mosca
Tão gótica, bizarra, torva, tosca...
E de repente, como a jumenta
De um profeta – nome Balaão –,
Ela falou: “Por que o palavrão?!
Se não fiz nada?! Vê-se te orienta!...

Estremeci de novo. Estarei louco?
Ah eu nada falei por uma hora
A frase que ouvi vem da memória
Preciso descansar; dormir um pouco.
Mas eis que ela fala novamente
“O que você ouviu não é da mente;
Ah, quem eu sou você nem imagina...”
Mas eu falei assim: “Sei quem és tu:
Vieste do maldito Belzebu...”
E ela: “Que blasfêmia! Sou divina!...”

“Divina?! Como?! Se pões varejeira?!
Se o que gosta apenas é carniça?”
“Mas esse é o fim da vã cobiça
E d’ambição – não é isso que lidera
Em quase todo coração humano
Não vais me descobrir? Sou um arcano
Que hoje em dia está se rareando...
Mas ta és um dos poucos felizardos
Qu’apesar dos espinhos e dos cardos
Ficas parado ali: me contemplando...

Eu não consigo te deixar em paz...”
“Maldito inseto vê-se vai embora!
Co’ essa preocupação que me devora
Vai pra teu mestre – para Satanás...”
Já que devora tudo qu’é ruim
Oh por favor! Afaste-se de mim!...
Pois isto aqui não é um manicômio
Há aflição demais – muito sufoco
Se alguém me vir irá dizer : “É louco!
Pois fala ele sozinho ou co’ demônio.

“Eu tenho de ti porque és um tolo!...
Por tudo que passaste és complacente
Queres salvar o mundo e toda gente
Na prestatividade e no consolo
Ah muitos o amam sim: o seu serviço
Já percebestes não?! Sabes bem disso
Então me falas qu’eu sou carniceira
Na tua própria espécie é bem pior
De uma olhadinha ao redor
E dize-me: Eu não sou verdadeira?!

Penetro surdamente pelo ouvido
Caminho ao labirinto – qu’é o cérebro –
Muitos me levam, às vezes, para o féretro
Depois que o meu prazo for cumprido...
Eu ponho a varejeira pra chocar –
É quando a mente fica a fervilhar –,
Pois quando ela nasce que tormento
Vai penetrando cérebro adentro
Até chegar a fonte – até o centro
Do coração, também do pensamento...”

Então falei assim: “Que disparate
Eu penso que perdi o meu juízo
Preciso acordar – oh sim preciso –
Quando se quer, nem  cachorro late
Tentei, tentei matá-la outra vez
E quando eu acertei – digo a vocês
Não pode ser verdade o que eu ouvia
Falei pra mim é alucinação
Porque não há nenhuma explicação
É paranóia?! Ou esquizofrenia?!...

Eu consegui! Matei-te triste isento!”
Do teto então a mosca foi caindo
Ela flou: “Meu ser aqui é findo
De curiosidade estás repleto
Oh tu me conservaste um bom tempo –
Sozinho, às vezes, tens um forte empo”
E eu senti então um arrepio
Pelo meu corpo, já, sem paciência
Ela falou: “Sou tua Consciência”
Morreu depois. Então fiquei mais frio...



                             10/04 à 05/06/2002

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ALGO MUDOU






Algo mudou em mim - ou foi o tempo?
Minha visão ficou mais aguçada,
Ficou a alma, então compenetrada -
Já não possuo agora nenhum empo .

Algo mudou - mudou também a vida -,
E a esperança não é mais a mesma,
A crença agora é lenta como lesma,
 - Mas é preciso ir ao fim da lida.

Mudou também aquele meu sorriso,
A confiança e a simplicidade, -
A vida nos ensina que é preciso,

Ser uma pomba com uma serpente,
Mas tudo se aprende com idade -
Lhanisse d' um do outro ser prudente...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

RESPONSO






Meu canto é sereno

E quer te envolver
Te beijo obsceno
Fruindo em prazer



Teu canto me encanta
Ouvindo ele em Ré
Que saudade tanta
Nem mais sei que é


Manhã nasce em Sol

Ilumina
Quem dera um mol
Beijar-te em Lá


E dói-me aqui

Mas tu não tem Dó
Versejo em Si
Queria-te


Nessa sinfonia

Que faço a ti
A como queria
Tu perto de Mi


Esse seresteiro

Solfeja em Fá
É amor verdadeiro
Ainda chego lá


Seremos paixão

O melhor compasso
Aceite, então,
Os versos que faço...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CAI A TARDE




Vesperal que vai-se,
Apolo colore as nuvens,
Cor de nostalgia...

20/11/11

OLHOS






Olhos tão alegres
Mais a vida vai ferida
Esperanças lebres...

28/08/07

BÚSSOLA







Meu coração é nau perdida a vagar
Enfrentando a procela – e a tempestade
Andado pela estrada da saudade
Distante busca terra e está no mar...

Enfrentando as ondas, sem parar
Procura na esperança a cidade –
Aonde s’é feliz – e com vontade,
Os zéfiros enfrentam – os gênios do ar

Pois usa como bússola a esperança
Também a intuição como uma guia
Da aurora até o ângelus não cansa

De esperar aquela redenção...
Mas, de repente, uma coruja pia
Dizendo assim: “Oh pare de ilusão!”

                                                     27/09/07

sábado, 26 de novembro de 2011

ÁLVARO DE CAMPOS LÊ CLARICE LISPECTOR









Pra quem na vida só levou porrada,
Pra quem acreditou na fantasia,
E vendo – logo após – a dura e fria
Realidade áspera – mais nada.

Pra quem só teve luta na jornada,
Ficando algumas noites de vigia,
Sonhando acordado – quem diria,
Até ver o raiar da alvorada...

Um sentimento busca; e quando o sente,
Abate-lhe um susto de repente.
Entristecendo logo que o anima...

Pois acha tudo isso como a bruma,
Que ao sol e ao vento esvai – não coaduna,
Já que a felicidade é clandestina.

2O/O7/2O11