segunda-feira, 29 de agosto de 2011

OPRESSÃO





                                                          Para o poeta Sérgio Márcio

Não quero mais ficar na ilusão,
De fingir-me feliz o tempo inteiro,
Em meu caminho, agora, um nevoeiro,
Cobriu a luz do sol de mim, então...


 E a paz anelo com sofreguidão,
Mas eis que surge d’um desfiladeiro,
Demônio do desânimo matreiro,
Mostrando-me a sua tentação...


Um tédio, um desânimo, inclemente,
Abate-me na alma de repente,
Deixando-me sem forças pra lutar...


Porém um vento sopra – doce ameno,
E o sol brilhante vêm – a mim – supremo,
Pedindo-me para eu recomeçar...  

28/08/2011




http://rouxinolfilipado.blogspot.com/2008/10/ai-os-raios-de-sol-que-escapam-ao.html

terça-feira, 23 de agosto de 2011

NÃO VEM





Na incessante busca da poesia,
A palavra procuro, mas não vem;
A folha em branco a mim contagia,
 
E a rima foge esquálida também...


E tento começar: “Amanhecia...”
E o sol,o orvalho, nada me convem,
Um outro verso faço: Tarde fria.
A névoa da saudade cai...”
Porém


A inspiração não fica. Vai – se escoa.
Desisto de escrever alguma loa.
Num livro refugio-me no momento...


Pois escrever por tergiversação,
Que graça tem? – do quê adianta então?
Da letra provo e faço meu alento...

23/O8/2O11

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A SAGA DOS WINCHESTERS


Acabei de ver as cinco temporadas do Supernatural. A história gira em torno dos irmãos Dean (Jensen Ackles)  Sam Winchesters (Jared Padalecki). Um ser sobrenatural mata a mãe deles, assim John Winchester ( Jeffrey Dean Morgan) – o pai – parte em busca do demônio de olhos amarelos para matá-lo e desaparece por um bom tempo. Dean procura Sam – que está cursando Direito – para comunicá-lo do sumiço do pai. Sam não quer saber, a princípio; porém sua namorada morre da mesma forma que sua mãe – descobre depois pelo irmão. – A partir desse incidente resolve acompanhá-lo. Rodam todo o Estado Americano em busca do pai, da arma – o Colt criada por Samuel Colt para matar demônios – e do demônio – Azazel – através de pistas deixadas pelo pai num diário. Procuram acontecimentos sinistros, morte em grande escala, tempestades temporãs, que possam indicar onde está Azazel. Até aí não há tanto demônios na história, pois eles estão presos num portal pelo criador do Colt.  Bom, assim alguns personagens vão aparecendo e partindo – cruelmente, muitas vezes –, da série.


Tem a ladra  Bela Talbot –, de objetos que rouba as peças e e relíquias em troca de muito dinheiro, caçadores de demônios – conhecidos de John –, sendo um desses Robert Singer – mais conhecido por Bobby, interpretado pelo ator Jim Beaver, que os acompanhará durante às outras temporadas – a quem os irmãos o tem por pai – curioso também é que o nome do personagem é o mesmo do produtor executivo. Encontram a arma, porém Bela a rouba. O pai também aparece mais um demônio bate no Impala em que eles estão – chev 1967 – e o Dean fica em estado de quase-morte. Jonh invoca o demônio Azazel para trazer de volta a alma de seu filho. A proposta do demônio é levá-lo, junto com a arma. Ele aceita e acaba morrendo. Na terceira temporada é a vez de Dean fazer o mesmo pelo irmão que é morto. Dessa vez o demônio das encruzilhadas dá-lhe apenas um ano de vida. Cumprido o prazo, os cães do inferno vêm pegá-lo e ele vai para o inferno.



Na quarta temporada aparece outro personagem Castiel – um anjo do senhor, otimamente interpretado pelo ator Misha Collins – que resgata Dean do inferno.



Nessa mesma temporada aparece o demônio Crowley (Mark Sheppard), cínico, irônico, engraçado. Ele mesmo avisa aos Winchesters em certas situações "isso é que dá fazer trato com o demônio", deixando-os até as últimas consequencias. Ajudando-os depois. O ator conseguiu criar um personagem  meio simpático. Porém com ressalvas.



 Durante toda a temporada há mescla de lendas mitos, demônios, lendas urbanas, vampiros, lobisomens, e afins.  Ficou interessante. Vendo, lembrei-me do livro de Neal Gaiman Deuses Americanos, onde o autor mostra a vida particularizada de alguns imigrantes e do protagonista Shadow que após sair da prisão descobre sua missão: Evitar a guerra entre os deuses, pois assim, evitaria o fim do mundo.  Dean por ser o irmão mais velho tem a responsabilidade de cuidar de seu irmão, é muito obediente ao pai e segue a risca o que ele pede; enquanto Sam é questionador, rebelde e procura seguir seu caminho por ele mesmo.  A começar por aí, as diferenças entre os irmãos remeteu-me à parábola do Filho Pródigo, Caim e Abel. O interessante nessa história são os vários intertextos e influências durante as temporadas. Assisti a primeira vez para conhecer a história direito. Agora farei as anotações sobre os intertextos e citações. Em breve voltarei com a análise mais aprofundada.  




22/O8/2O11

(DIS) FUNÇÃO DA LITERATURA


A literatura, a seu ver, pode ter uma função transformadora?

“Não acredito que a literatura possa ter uma função, que ela possa ser uma possibilidade de reflexão, de alteridade. Literatura é literatura, não tem função nenhuma e você não pode esperar isso dela. Como autora, não posse ter essa expectativa e nem posso escrever pensando nisso. Lógico que, como leitora, tenho essa experiência, completamente desvinculada das expectativas do autor. Essas são as minhas inquietações, é a minha busca. Agora, atribuir esse papel à literatura, acho que é roubada.” 

– Patrícia Melo, entrevista concedida a Sérgio Miguez na Revista da Cultura – Edição 38, setembro de 2010




No Curso de Letras o mestre Valfrides – professor de Literatura –, definiu da seguinte forma a Literatura: “Um livro  de Física é essencial, porém não tem nada prazeroso lê-lo. A Revista Caras é prazerosa, mas não há nada de importante. A Literatura deve ser útil e prazerosa”. Ou seja, a literatura tem sim uma função: “Informar, denunciar, satirizar, entreter, formar opiniões, filosofar. Uma das primeiras funções de uma obra é enriquecer o vocabulário do leitor – já que Literatura é a arte da palavra. Sendo assim percebemos que aqueles autores que se destacam mais são os que quebram a regra formal e criam seu estilo próprio. Não fosse assim não haveria as escolas literárias. Um bom exemplo de que a Literatura pela Literatura não teve tanto sucesso em outros países foi o Parnasianismo. Era apenas a “Arte pela Arte” apenas na França e no Brasil teve êxito. Esteticamente falando foi o a escola mais rica em adjetivos, rimas ricas, raras e musicalidade. Ainda assim teve uma função: a negação do subjetivismo e postura anti-romântica. Ironicamente, Bilac era um romântico enrustido e super patriota. É difícil imaginar um autor escrever apenas por tergiversação. Ainda mais num meio competitivo de hoje. Se não é para causar polêmica cria-se outra coisa – vê-se a modalidade de trilogias, e seres fantásticos – como bruxos, vampiros, lobisomens, anjos, demônios, por exemplo.



                 
Li um livro de Janet Dailey em uma tarde A Carícia do Vento. Conta a história de uma riquinha recém-casada( Sheila Rogers) – inexperiente na vida sexual –, hospedada num hotel cinco estrelas – de lua de mel –, quando o carro em que estava com seu esposo é interceptado por guerrilheiros. Ráfaga é o chefe do bando. Ela é levada para sua casa e ele a estupra – praticamente. – Ela tem, então, seu primeiro orgasmo – ele acaba descobrindo a inexperiência dela. Bom a história termina com ela junto ao bando dos rebeldes – deixou toda sua vida, herança, riqueza, enfim. É um livro tipo Júlia, Sabrina e Bianca. A única coisa louvável é o erotismo que a autora utiliza para prender o leitor – e ninguém melhor para descrever um orgasmo feminino que uma mulher.  O título se refere ao nome do desordeiro. É uma história, mas sem muito conteúdo. O texto é voltado para o sexo – entretanto teve uma função: a descrição do prazer feminino ante um homem rude, mas bom amante. É difícil imaginar uma obra sem uma função. Claro que o autor nem sempre vai prender-se a uma linha; porém é quase impossível não se inspirar no cotidiano, numa cena observada, numa palavra ouvida, numa história contada, reportagem, música, quadro, enfim... Como dizia Nelson Rodrigues: “Se o escritor parar de observar, para de escrever. Escrevo bem, pois som um bom ouvinte das pessoas”. 



Se a literatura não tivesse uma função o que seria de 1984, e A revolução dos Bichos, Ulisses, O Grande Gatsby, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, O Cortiço, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Recordações do Escrivão Isaías Caminha, O corcunda de Notre Dame, Os Lusíadas, Crime e Castigo, Cem Anos de Solidão, Macunaíma, O Quinze, O Ateneu, A Letra Escarlate, Decameron, As flores do Mal, Robinson Crusoé, Dom Quixote, Guerra e Paz, O Som e a Fúria, Hamlet, Fausto, A Divina Comédia, Os cantos de Maldoror, O Retrato de Dorian Gray, Doutor Faustus, E o vento levou, dentre outros? Não saber definir o que é Literatura é desanimador; e, achar que não tem função nenhuma, é o mesmo que dizer para criança “você tem que comer verduras!”. “Pra quê?”. “Pra que sim!”.  Como incentivar a alguém a ler livros tendo essa opinião. Se me informassem que a Literatura não tem benefício algum, provavelmente, hoje, não me arriscaria nessa área. Apesar de eu não ser incentivado. Fui por curiosidade e amor pelo conhecimento.


                                                      11-18/08/2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

JOGO DA LITERATURA

    Meu colega, Sérgio, da faculdade de Letras enviou-me um link onde tem um jogo muito educativo: 



    Entrei no link aparece essa imagem, depois trechos de alguma obra vem  em seguida, você tem que clicar em cima do livro correspondente. É  muito bom. Mesmo livros que ainda não li acabei acertando. Tente também. Esse jogo é interessante para utilizar na classe com os alunos do Fundamental e Médio. Esta aí a dica.





Segue link:           

http://revistaescola.abril.com.br/swf/jogos/jogoLiteratura/






Não deixe de tentar.

10/08/2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PRAZER E FRUIÇÃO


Texto de prazer: aquele que contenta, enche, dá euforia; aquele que vem da cultura. Não rompe com ela, está ligado a uma prática confortável de leitura. Texto de fruição: aquele que pões em estado de perda, aquele que desconforta (talvez até certo enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas do leitor, a consistência de seus gostos, de seus valores e de suas lembranças, faz entrar em crise sua relação com a linguagem.” – Roland Barthes, O Prazer do Texto, pág 20-21.

Para um bom leitor – e escritor – o livro de Barthes é muito interessante. Nele o autor explica a diferença entre texto de prazer do de fruição.  Lendo-o têm-se uma idéia entre um texto clássico e um best-seller. Porém

“Se aceito julgar um texto segundo o prazer não posso ser levado a dizer: este é bom, aquele é mau.”(BARTHES, 2010: 19),

por isso é bom ter um repertório de leitura variado. Sou bem eclético no quesito Literatura. E, para um apreciador de livros, é importante conhecer os dois lados. Tenho uma colega fanática pelo Stephen King. Uma leitora voraz. Uma vez ela me disse que estava lendo Macabeth; porém achou-o muito chato. O Drácula, também não foi de seu agrado. Emprestei A Divina Comédia e alguns outros. Ela leu, mas não gostou muito. Percebi que ela gostava  dos livros de mais fácil compreensão. Aqui entra o pensamento de Barthes mais uma vez:

“... todo texto sobre o prazer será sempre apenas dilatório; (...) Semelhante a essas produções da arte contemporânea, que esgotam a sua necessidade tão logo a pessoa as viu (pois, vê-las, é compreender imediatamente com que fim destrutivo são expostas: não há mais nelas nenhuma duração contemplativa ou deleitativa), uma tal introdução não poderia senão repetir-se – sem jamais introduzir nada.” –  Idem, Ibidem pág.25-26




Ela lia muito Sidney Sheldon, Daniele Steel, Janet Dailey, Agatha Christie, Robin Cook, e, claro, Stephen King, dentre muitos outros. A literatura clássica não era muito da sua preferência. Assim, não dá para ser um bom leitor quando quero ler apenas uma literatura mais simples. No curso de letras tinha um colega que só lia clássicos. Um verdadeiro intelectual. Fui criticado por outros colegas quando me viram com um exemplar da série Crepúsculo. “Nossa Sidney, você se deixou contaminar?” Também gostavam de autores como Herman Hesse e Clarice Lispector. Sou apaixonado pela literatura. E ninguém começa lendo Machado ou Shaskeapeare. O problema e ficar só nos livros mais comuns ou só nos mais difíceis. Devemos permear nos dois lados, pois...

“Toda uma pequena mitologia tende a nos fazer acreditar que o prazer ( e singularmente o prazer do texto) é uma idéia de direita. (...) À direita ,  o prazer é reivindicado contra a intelectualidade, o clericato: é o velho mito reacionário do coração contra a cabeça, da sensação contra o reacionário do coração contra a cabeça, da sensação contra o raciocínio, da ‘vida’ (quente) contra ‘a abstração’ (fria): o artista não deve segundo o sinistro preceito de Debussy, ‘procurar humildemente causar prazer’? À esquerda, opõe-se o conhecimento, o método, o compromisso, o combate, à ‘simples deleitação’ (no entanto, e se o próprio conhecimento fosse por sua vez delicioso?). Dos dois lados, a idéia bizarra de que o prazer é coisa simples, é e por isso que o reivindicam ou o desprezam.” –Idem, Ibidem pág 30

 – Embora façamos nossas escolhas inevitavelmente. É necessário gostarmos da literatura para avançarmos no oceano de palavras e aportarmo-nos em alguma ilha de leitura ao meio do caminho.



Bibliografia:

BARTHES, Roland, O Prazer do Texto, Ed Perspectiva, 2010, 5ª edição