quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O HOMEM DE CAVANHAQUE







     Meu nome é Virgílio Fonseca. Trabalho na área investigativa. Era tarde quando o sol morria entre os prédios da Paulista. Estava no escritório conversando com o Freitas e o Marques – companheiros de investigações – quando o telefone tocou. Um corpo de uma mulher aparentando 27 anos fora encontrado num parque. Chegando ao local, outro corpo de mulher aparentando vinte e cinco anos, também fora encontrado nas mesmas condições. Estavam com a documentação, relógios, nada tinha sido levado. Também não foram violentadas. Só uma coisa intrigava-me: as duas estavam sem o coração. A forma das lacerações no peito demonstravam que eles foram arrancados. Fui ao local em que elas trabalhavam. Era no Ponto Coffe. Entrevistei os funcionários. Lembra-se qual a última pessoa que elas conversaram? Olha isso é difícil de dizer, pois falamos com gente o tempo todo. Porém, houve um homem que elas travaram certo conhecimento. Sim, e quem é? Hum, não me lembro do seu nome direito; é um nome diferente. Isso dificulta a investigação. Alguma compra com cheque? Não, pagava sempre a vista. Descreva-o para mim. Alto, pele clara, cabelos castanhos, sorriso enigmático, cavanhaque bem desenhado, bem afeiçoado, culto, olhos verdes. Verdes? Pensei que fossem amendoados – disse outro funcionário. Não, não eram azuis. Bom eu olhei bem e era mel. A esse detalhes somaram-se as mais confusas descrições. Castanho escuro, pretos, bom resolvi ignorar. Freitas fez o retrato falado, mostrando depois para os entrevistados. Alguém me dissera que ouvira dizer que era professor numa Universidade. Mas não sabiam qual, nem a matéria. Enviamos o pessoal para as Universidades aos arredores com o retrato falado, porém nenhum reitor reconheceu. Sentamos numa mesa. Serviram-nos um café descafeinado para mim e um cappuccino com licor para o Freitas e um expresso simples para o Marques. 

     E agora, por onde começamos? Perguntou-me Marques. Estou pensando. Sem nenhuma digital, nenhuma secreção ou fio de cabelo nada. Bebericava meu café com uns amanteigados, quando uma funcionária me disse: Olha eu acho que o nome do homem de cavanhaque era Eurismar, Eunismar...  Fez uma careta tentando recordar seu nome. Ah, me lembro agora. Ele disse que tinha uma loja de antiguidades e seu nome era Eudomás. Repeti o nome com estranheza. Bom é tudo o que me lembro. Obrigado, pedi mais um café, antes de irmos. No local onde estávamos tinha um telão onde eles colocavam dvds para os clientes. Enquanto degustávamos as bebidas assistíamos a um show dos Rolling Stones: “Sympaty for  the Devil” Por favor, deixe que eu me apresente, sou um homem com riqueza e gosto; ando por aqui faz muitos anos, roubei muita alma e fé dos homens...  E eu tentando resolver o mistério do Homem de Cavanhaque. 

01-08/07/2011

Um comentário:

  1. Oi Sidney!! Oba este conto é a continuação do Ponto Coffe!! Confesso que agora estou mais curiosa:será um serial Killer? Qual critério o assassino utilizou para escolher as vitimas? A policia encontrá alguma pista mais conclusiva sobre os crime, que os leve ao crimoso?Tantos questionamentos se alojaram em mimnha mente que estou torcendo para você continuar o conto.
    Abraços, Idianara.

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